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Pequena Coreografia do Adeus: uma vida entre fragilidade e dor

  • Foto do escritor: Brenda Destro
    Brenda Destro
  • 12 de set. de 2024
  • 2 min de leitura

Atualizado: 13 de set. de 2024


O livro Pequena Coreografia do Adeus, de Aline Bei, explora a desestruturação familiar de maneira intensa e desafiadora. A narrativa em primeira pessoa, centrada na perspectiva de Júlia, pode causar estranheza inicialmente para quem não está acostumado com esse formato. No entanto, após me familiarizar com a abordagem, achei bastante interessante.


A história provoca uma reflexão profunda sobre como a infância pode moldar a vida de uma pessoa e a obra pode despertar gatilhos emocionais, por isso é importante ler com cautela. O livro ressalta a importância do cuidado infantil e como suas consequências reverberam ao longo da vida. Algumas passagens são especialmente dolorosas, retratando a agressividade da mãe e o tratamento abusivo com surras, o que torna a dor e o desconforto palpáveis, evidenciando uma infância marcada por brigas e agressões.


A relação de Júlia com sua mãe narcisista é, na minha opinião, perturbadora. A citação "Estava sempre ocupada com os afazeres domésticos e com as demandas emocionais da própria existência" (p. 8) ilustra bem a negligência e o impacto emocional sobre Júlia.


Os momentos em que a menina podia ser apenas uma criança eram raros e nebulosos e sua relação com o pai, embora menos agressiva, também era distante.


A escrita de Aline Bei me impressionou profundamente. Foi a primeira obra dela que li, e já estou ansiosa para explorar O Peso do Pássaro Morto.



A habilidade da autora em transmitir sentimentos complexos é encantadora, e algumas citações realmente ressoaram comigo:


"Artista é quem entrega a explosão aos pés do público com ritmo, poesia, beleza, ainda que ele esteja dançando um crime." (p. 104)
"A verdade é que eu nunca pensei em chegar tão longe dentro de um corpo como o meu que era dor e se encolher pelos cantos. Eu era o lugar onde as pessoas depositavam as suas variações de tristeza e raiva sem medo algum de depositar, já que eu aparentava a mais pura fragilidade, o rosto coberto pelo espanto de existir." (p. 95)
"Ler é viver muitas vidas além da sua." (p. 130)

O livro me deixou pensativa e emocionalmente envolvida, e a leitura foi intensa e confesso que eu devorei o livro em dois dias. A forma como Julia lidou com sua vida adulta, saindo de casa de forma estratégica, foi ponto de reflexão pessoal interessante.


Recomendo a leitura para quem está disposto a confrontar temas difíceis e buscar uma compreensão mais profunda sobre a vida e as relações humanas.

2 comentarios


Gabriel De Carvalho Barboza
Gabriel De Carvalho Barboza
13 sept 2024

Já li esse livro! É realmente muito bom, trechos com ótimas reflexões.


Excelente texto.

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Ravi Viana
Ravi Viana
13 sept 2024

Estava com saudade dos seus textos, que bom que voltou s2

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